FÉRIAS ESCOLARES: DESCANSO TOTAL OU TPC DE FÉRIAS?


Quando se aproxima o mês de Junho, pais e filhos começam a sentir as mochilas a cair das costas e, com isso, o alívio da carga de testes, trabalhos e aulas. Aproxima-se a passos largos o fim de um longo ano lectivo. Crianças e adolescentes trabalham tantas ou mais horas do que adultos e as férias traduzem-se num merecido descanso. E é merecido por todos os meses antecedentes de luta, mas também porque é reparador de energias para o ano seguinte.

Acontece que, cada vez mais, as escolas, sempre focadas no desenvolvimento cognitivo, no alcance das metas (ou, idealmente, na superação dessas metas), contaminam o ambiente leve e descontraído que as férias devem ter, com mais Trabalhos Para Casa, neste caso os Trabalhos de férias.

Entrámos num ritmo frenético de estudo, de conhecimento, de atividades, de saber-fazer e superação de capacidades, que tudo se quer antes do tempo. Antigamente, as aulas começavam em Outubro. Agora é em Setembro. O ano lectivo inicia-se em meados de Setembro, nalguns colégios privados começam logo no início. Aprendia-se a ler a partir dos 6 anos. Agora, muitas das vezes, é aos 5. Desenhava-se a figura humana a partir da representação mental que cada um desenvolvia dentro de si. Atualmente, as crianças são ensinadas a desenhar, passo a passo, cada detalhe e… sem esquecer de desenhar sempre um sorriso nos lábios (como se a felicidade fosse mais um membro do corpo e não um estado de espírito flutuante). E, com tantos objetivos a cumprir, não há tempo para relaxar! Há que trabalhar!

Dizem os defensores dos TPC, que as metas curriculares são muito exigentes e que, se não houver estudo durante as férias, “os miúdos” esquecem. Argumentam os opositores que, se as férias não servirem para esquecer a tensão do ano letivo e pôr em prática a socialização, com brincadeiras individuais e conjuntas, e entretenimento diferenciado (do que é possível fazer durante o ano), não se repõem energias suficientes para abarcar o novo ano, as novas responsabilidades e tarefas. Inicia-se o ano já com algum desgaste e, não raras vezes, já em desânimo. Logo, faz-se um crescimento em desequilíbrio emocional e deficiente em interação e conhecimento do mundo envolvente.

A semana que antecede o início das aulas poderá servir para rever alguns conceitos base. Agora, fazer das férias uma rotina diária que, como dizem os professores amigos dos TPC, “são só 30 minutos a 1 hora por dia”, é ensinar os miúdos a “não desligar da ficha”. E esta é a postura que se condena, durante o ano letivo, quando algumas crianças se revelam mais agitadas. E critica-se também, na idade adulta, quando observamos aqueles a quem chamamos workaholic ou, simplesmente, “fuga para a frente” (pessoas que não conseguem parar e se envolvem em actividades constantes).

À laia de sugestão, quando a escola sugere o livro de fichas a comprar, para que o trabalho seja entregue no início do ano letivo (e, enquanto Encarregado de Educação, concorda ou está num registo de “se não podes com eles, junta-te a eles”):
Defina um número de páginas a fazer por dia
Evite deixar para os últimos dias para que não haja um grande volume de trabalho acumulado
Reserve uns dias que sejam de puramente de férias, idealmente um mês completo

Para os pais que discordam destes trabalhos e estão dispostos a remar contra a maré:
Aceite a sugestão do livro escolhido pela escola
Desse livro, escolha os exercícios que sabe poderem suscitar mais dúvidas, e peça que sejam feitos, em dias definidos, na semana que antecede o início do ano letivo. Servirá para treinar as matérias essenciais e recordar conceitos chave.
Explique, ao seu filho, que discorda de completarem o livro de trabalho durante as férias, para que tivesse a possibilidade de descansar mas que, o ano está a iniciar e a decisão sobre os trabalhos a executar regressa ao poder da professora / escola.

Fonte: uptokids.pt

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